Soa um pouco ruim esse título, mas é a pura verdade. Existem no mundo vinhos que são produzidos graças à podridão, ou melhor, graças à "podridão nobre", como os franceses chamam o ataque da Botrytis.
Esse fungo é uma constante no vinhedo, sobretudo se as condições forem favoráveis, ou seja, úmidas. O problema é o momento de sua aparição. Se ocorrer no momento em que as uvas ainda não estão maduras, o que se obtém são vinhos verdes e descartáveis. Se, ao contrário, os bagos estão completamente maduros, a Botrytis concentra e aumenta o sabor das frutas potencializando a complexidade total, como se fosse milhares de pequenas cubas de maceração.
Chegar a esse patamar não é fácil. A Botrytis não ataca todas as uvas de um mesmo cacho, o que implica necessariamente uma árdua seleção, bago a bago. Em anos notáveis, regiões como Sauternes ou Barsac, um pouco ao sul de Bordeaux, na França, produzem exemplos notáveis que, além do mais, podem envelhecer durante décadas.
Na Alemanha, os trockenbeerenaulese são o mais claro exemplo dessa forma radical de enfrentar a viticultura. Cem por cento dos vinhos atacados pela Botrytis mostram uma fruta deliciosa e uma assombrosa complexidade gustativa.
Fontes: Texto retirado do livro Vinho sem segredos do autor Patricio Tapia
Imagem retirada do blog http://lastingimpressionswineblog.wordpress.com
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